sexta-feira, 29 de abril de 2011

Árvore de Veneza


Eu sou sozinha.
Poucos me olham enquanto passam pela rua,
Esbarram em mim, mas não me notam.
Se notam, foi pelo encontrão.

Eu não sou bela.
Sei que sou um pouco diferente dos demais,
Alguns até me vêem com bons olhos,
Mas eu sei que não agrado.

Eu não avanço.
Eu não me movo, não saio do lugar.
Fico parada, meses e meses, pensando no que fazer,
Em como agir, quem procurar, quem amar.

Eu sofro.
Pela solidão, pela falta de atenção, pela não evolução.
Meu destino é seguir parada pela eternidade, atrapalhando o vento,
Tentando crescer e me tornar algo diferente.

Eu não dou frutos, não tenho cor.
Defeitos que me tornam única em meio a todos da multidão.
Dor que me faz pensar se vale a pena ser assim, não mudar, não amar.
Dor que já não me muda, pois já me acostumei a senti-la.

Eu vi uma árvore solitária em Veneza.
Chorando na solitude da nevoa.
Não sei se vi a árvore,
Ou ela viu a mim.

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